domingo, 14 de fevereiro de 2010

MARCO RICCA (abril/2008)

15 anos se passaram desde que o ator Marco Ricca foi convidado para fazer a sua primeira novela, Renascer (1993), da Globo, seguida de Éramos seis (1994), do SBT. A carreira de ator, que se iniciara no Teatro, se expandiu para a TV e também para o Cinema, onde não só Marco atua, como também produz e – agora – dirige.

O interesse por teatro surgiu quando era um garoto, e anos depois, Marco se viu vivendo dessa arte. “Sempre fiz teatro paralelamente, mas não imaginei que fosse viver disso”, conta.

Formado em História, Marco foi proprietário do Teatro do Bixiga e conta que, nessa época ele era responsável por todo o Teatro: desde a parte técnica à parte de criação. “O Teatro do Bixiga foi uma grande escola, que até hoje é a base de tudo para mim, porque lá a gente teve que se virar: produzir, escrever, atuar, dirigir... tudo!”, conta.

“As pessoas assistiam às minhas peças e começaram a me convidar para fazer trabalhos na televisão”, diz o ator, que apareceu na TV pela primeira vez na novela Renascer (1993), da rede Globo. Enquanto trabalhava com teatro, ele fez também alguns curtas-metragens, e, conforme as pessoas começaram a conhecer o seu trabalho, vieram também os convites para fazer cinema. “Um trabalho foi levando a outro”, comenta.

Ser ator é, também, ser observador

Quem já viu os trabalhos do Marco no teatro, na TV e no cinema, sabe que sempre é muito emocionante vê-lo, pois ele vive de uma forma muito real os personagens que está interpretando. “O ator é fonte permanente de observação do mundo. Nós observamos o mundo e nos utilizamos desta observação para compor os nossos personagens”, diz. Marco comenta que o ator também é muito conduzido pelo texto, pelas indicações e pelos colegas com quem está trabalhando.

As três faces da arte de Marco Ricca

Marco – que divide a sua carreira entre teatro, TV e cinema – conta que, apesar de serem veículos diferentes, depois que o ator os compreende, o trabalho não é muito diferente. A diferença é que no Teatro o ator é muito mais vital para a obra, enquanto que a TV é feita de forma mais rápida. Porém, o cinema é um trabalho que mistura um pouco de teatro e um pouco de TV, porque o ator tem mais tempo para trabalhar. “Pro ator, a verdade é que o comportamento é o mesmo: nós temos que conseguir dar credibilidade aos personagens da mesma forma e tal”, conclui.

Um ator que também é Produtor

Além de atuar, Marco também já produziu alguns filmes como Crime Delicado, e atualmente A Via Láctea. No topo da lista das maiores dificuldades em se produzir um filme, Marco coloca dinheiro e distribuição. Ele conta que a parte financeira é trabalhosa, pois é necessário conseguir apoios, fazer captação de recursos. “Depois também, a distribuição é muito complicada para nós”, conta.

A Via Láctea

“Não sei se o filme traz uma mensagem, mas ele discute com o espectador”, diz Marco, definindo o seu novo filme A Via Láctea, muito elogiado na Semana de Crítica de Cannes (França). “O espectador tem a oportunidade de observar a trajetória de um homem apaixonado por uma garota, que sai em busca da pessoa amada”, diz. “O filme se inicia com um pequeno rompimento entre os dois e ele sai à procura dela para tentar se reconciliar. É mais um filme de amor contado de uma forma brilhante e diferente por essa diretora que é fantástica, a Lina Chamie”, diz. “É cinema puro”, completa.

Marco Ricca Diretor

No momento, Marco está se dedicando à produção do seu novo filme, Cabeça a Prêmio – baseado no livro do Marçal Aquino – que marcará a sua estréia como Diretor de um longa-metragem. “Eu estou na fase de pré-produção do filme”, comenta. As filmagens se iniciam em agosto, e ele conta que o processo está sendo muito trabalhoso, pois além de dirigir, ele está produzindo o filme. “Produzir e dirigir um filme é duro! Mas, eu estou adorando e parei tudo na minha vida agora para poder fazer isso”, diz. Além disso, juntamente com Marçal Aquino – escritor da obra – e Felipe Braga, Marco adaptou a obra para o cinema. “O filme será todo feito no Mato Grosso do Sul – que é um estado maravilhoso – e que nós desvendaremos no cinema. Eu estou muito empolgado!”, conta.

O Cinema no Brasil

Nos últimos anos, nós temos notado uma evolução e um desenvolvimento muito grandes no cinema brasileiro. Marco explica que isso se deve, primeiramente, à luta dos realizadores que tentam fazer com que tenhamos bons filmes, e também porque o cinema está conseguindo falar diretamente com o público. Os filmes de Marco retratam situações típicas da vida real e quem assiste sempre se identifica muito com o que vê na tela. “Nós estamos conseguindo fazer com que o público se relacione com a obra. Isso faz com que as pessoas tenham mais vontade de ver nossos filmes, e assim nós temos a possibilidade de fazer mais filmes”, conclui.

A via láctea (2005) Romance/Drama. Dirigido por Lina Chamie. Com Marco Ricca e Alice Braga.

Heitor e Júlia namoram há algum tempo. É entardecer na cidade de São Paulo e o casal tem uma violenta discussão por telefone. Angustiado, ele pega seu carro e vai em direção à casa da namorada.

Durante o trajeto pelas ruas de São Paulo, no rush-hour do início da noite, o trânsito, os engarrafamentos, os pedestres, os meninos nas esquinas, os bares, a paisagem urbana, tudo interage com Heitor e suas digressões amorosas.

Nesse espaço indefinível, os limites entre vida e morte, espaço e tempo, são da classe das estrelas e dos sóis: explodem anos luz de distância para brilhar uma noite sobre São Paulo e inspirar um terno beijo de amor. Ou de morte.

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